Imagine poder unir uma iniciativa inovadora que contribua para a solução de um problema social e, ao mesmo tempo, gerar lucro para manter a empresa funcionando e realizar novos projetos. Mais de 800 empresários brasileiros não apenas já imaginaram como também já colocaram o empreendedorismo social em prática.
Também chamadas de negócios de impacto, as empresas nascidas do empreendedorismo social têm o objetivo claro de contribuir de maneira significativa para o bem-estar social. Seja nos setores de saúde, educação, infraestrutura ou geração de oportunidades, esses negócios identificam problemas que atingem camadas mais vulneráveis da população e buscam solucioná-los por meio dos produtos ou serviços oferecidos.
Ainda novo no país, esse conceito é alvo de muitas dúvidas, principalmente, no que tange ao lucro. Quer dizer, então, que o lucro não é importante neste modelo de negócio? É o que você vai descobrir neste artigo.
Empresas sociais x ONGs: qual a diferença?
Pelos parágrafos acima, você pode ter observado algumas semelhanças em relação às Organizações Não Governamentais (ONGs). E, de fato, esses dois modelos têm, sim, semelhanças significativas. Assim como o empreendedorismo social também possui afinidades com os modelos tradicionais de negócio.
As ONGs têm o objetivo de maximizar o bem-estar social e, para isso, utilizam como meio as doações recebidas, que possibilitam o andamento do projeto. Enquanto isso, os negócios tradicionais, preveem potencialização dos lucros e fazem isso por meio da autossustentação, ou seja, não dependem de verba externa para continuar seus trabalhos.
O empreendedorismo social, por sua vez, pode ser considerado um híbrido entre os dois modelos. Isso porque tem como visão a maximização do bem-estar social, assim como as ONGs, mas são organizações autossustentáveis, como os modelos convencionais.
Alguns outros fatores ajudam a entender mais claramente quais as diferenças entre ONGs e negócios de impacto:
- Colaboradores: no empreendedorismo social, os colaboradores são empregados formalmente e remunerados; no caso das ONGs, as contratações têm limitações e grande parte do projeto é desenvolvido por voluntários;
- Ação: enquanto os negócios de impacto têm como premissa incluir pessoas de baixa renda na cadeia produtiva, as organizações não governamentais são abertas a todos os públicos;
- Impostos: como qualquer empresa, os negócios de impacto também arcam com impostos, o que não é o caso das ONGs;
- Retorno financeiro: as empresas sociais cobram pelo uso de seus produtos ou serviços, enquanto as ONGs fazem filantropia e não têm fins lucrativos.
Ainda segundo o vencedor do Nobel da Paz e empreendedor social Muhammad Yunnus, o fato de as empresas sociais não distribuírem os dividendos também deve ser pontuado como mais um item do conceito de empreendedorismo social.
O que, então, define o empreendedorismo social?
Se você já chegou até aqui, deve ter percebido que o lucro não é um tabu quando falamos de empreendedorismo social. O destino dado a ele é que, por vezes, ainda gera desconfiança em algumas pessoas. Mas o fato é que os negócios de impacto geram lucro, sim, mas esse não é o seu principal objetivo.
As empresas sociais nascem de demandas percebidas na comunidade em que estão inseridas e visam a contribuir para modificar, ou mitigar, esses problemas. Esse modelo de negócio tem como foco ações voltadas à população de baixa renda, inserido-as também na cadeia produtiva.
Ainda na questão do lucro, há o fato de ele ser reservado para reinvestimento na própria empresa. O enriquecimento pessoal dos investidores não é foco da renda gerada. O objetivo é investir na sustentabilidade do próprio negócio, a fim de não depender de doações externas.
3 exemplos inspiradores de empreendedorismo social
Mesmo novo no Brasil, o empreendedorismo social já é tendência nos Estados Unidos e na Europa desde os anos 90. Entretanto, o Brasil se destaca na América Latina, já sendo o segundo maior mercado e em constante crescimento.
Conheça alguns dos exemplos mais marcantes quando falamos nesse modelo de negócios.
Banco Grammen
Iniciativa do já citado Muhammad Yunnuns, o Banco Grammen nasceu da identificação de um problema social grave: a população bengalesa mais pobre não tinha acesso aos créditos bancários por ser considerada “de risco”. Isso fazia com que essas pessoas recorressem, então, a agiotas locais, o que só agravava o problema.
Yunnus, então, decidiu provar ao sistema bancário que emprestar dinheiro a essas pessoas não oferecia risco às instituições. Para isso, retirou US$27 dólares das próprias economias e emprestou a mulheres em situações de vulnerabilidade social.
Ele não apenas recebeu todo o dinheiro de volta como, ao liberar crédito, deu às mulheres subsídios para gerarem renda. Muitas delas investiram em máquinas de costura, o que possibilitava sustentar a família e ainda pagar as parcelas do empréstimo em dia. E, dessa iniciativa, nasceu o Banco Grammen.
Hoje, a instituição se sustenta dos juros dos empréstimos, muito mais baixos que no sistema bancário tradicional, e os reverte em mais potencial de crédito para ajudar outras pessoas.
Banco Pérola
Ainda no universo financeiro, um outro exemplo de empreendedorismo social, desta vez nacional. O Banco Pérola tem foco em crédito para microempreendedores das classes C, D e E.
Sediado em Sorocaba (SP), o banco passou a operar em 2011, já com 130 negócios sendo apoiados. Ao contrário do que muitos imaginam, a taxa de inadimplência é baixíssima quando comparada a dos bancos tradicionais: apenas 2%.
Bridges Internacional Academies
As iniciativas em empreendedorismo social estão, felizmente, em vários lugares. No Quênia, por exemplo, a Bridges Internacional Academies, nasceu para fornecer educação de qualidade para crianças vindas de famílias que vivem com menos de 2 dólares por pessoa/dia.
Hoje, essa é a maior cadeira de escolas primárias no mundo e também promove ações que visam a gerar emprego e renda para os trabalhadores da educação nas comunidades carentes.
O empreendedorismo social é uma ótima oportunidade para quem quer usar os negócios em prol do desenvolvimento social, preservação ambiental e levar oportunidade para pessoas de baixa renda. Neste modelo de negócio, o altruísmo e a empatia são as principais bandeiras, sendo o lucro apenas um instrumento para o desenvolvimento de novos projetos e ações.
Gostou de saber mais sobre o empreendedorismo social? Se você tem uma ideia e deseja tirá-la do papel, envie uma mensagem para a nossa equipe. Estamos prontos para ajudá-lo!